sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 de maio de 1988 - O centenário de uma abolição questionada

O Centenário da Abolição. CPDoc JB

"Quando finalmente a Lei Áurea foi assinada em 1888, os 700 mil escravos existentes (5% da população) não passavam de um remanescente dos 2,5milhões em 1850 que constituíam a fantástica percentagem de 31% da população brasileira. Sob este aspecto, a libertação dos escravos não passou de uma medida residual, tendo ainda por cima a função de liberar os capitais nacionais para outras atividades que não as lavouras de café. Mas não se pode negar o formidável impacto simbólico que a libertação provocou na sociedade brasileira, com repercussões ainda não extintas. Por muito menos, a Queda da Bastilha se tornou a maior data da história francesa; no momento da queda, a bastilha já deixara de ser a prisão odiosa de outros tempos... Mas o efeito moral da queda funcionou como uma bomba explosiva no espírito nacional e acabou sendo considerado o acontecimento-símbolo da Revolução Francesa. Por isso alguns historiadores consideram o 13 de maio a maior data da História brasileira".Jornal do Brasil

Charge do Lan. Centenário da Abolição. Reprodução
O espetáculo dedicado ao centenário da Abolição da Escravidão no Brasil não preencheu feridas da repressão ainda abertas. "A comunidade negra não está festejando a Abolição porque não há o que festejar. A grande festa que seria ontem foi estragada pela polícia", disse Francisco Milani, diretor do espetáculo. O artista se referiu à manifestação pública duramente reprimida pela polícia à véspera, iniciativa que previa uma passeata de negros (para saber mais, clique aqui!). Mas as feridas eram historicamente maiores...


No ano do Centenário da Abolição, 60 milhões de negros, mulatos e pardos correspondiam a 44% da população do Brasil - último país do mundo a abolir a escravidão. E embora no país a realidade fosse diferente de outros em que rebeliões em guetos eram uma constante, um século depois da abolição da escravatura, com poucas e honrosas exceções, os negros e mulatos, que trafegavam por entre esses vestígios históricos da nossa cidadania, davam a impressão de que o Brasil caprichava mais em seu tratamento paisagístico do que no tratamento humano.


O que era preciso buscar aquela ocasião era uma oportunidade à reflexão. Não estava em jogo conquistar a generosidade do branco, mas sim resgatar a dignidade do negro em busca de um processo natural de igualdade.


Fonte: Blog Hoje na História - CPDOC Jornal do Brasil

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